ENTREVISTA de Edson Rossatto para o site Meu Heroi

ESCRITO POR FERNANDO REBOUÇAS

Formado em Letras, roteirista de HQ, escritor e editor de livros, Edson Rossatto publicou os livros “Mansão Klaus e outras histórias”, “Curta-metragem – Antologia de microcontos” e organizou diversas antologias literárias. Em 2008, lançou a primeira edição da série “História do Brasil em Quadrinhos”, que abordava a “Independência do Brasil”. Em 2009, o segundo volume da série em quadrinhos foi lançado, dessa vez focando na “Proclamação da República”.

Essa última HQ, lançada pela Editora Europa, reconstitui, através dos quadrinhos, o Primeiro e o Segundo Reinado, a Guerra do Paraguai e a Abolição da Escravatura por intermédio de Daguerre, um professor que narra os acontecimentos históricos para três crianças durante um passeio pelas ruas do Centro da cidade de São Paulo.

Edson Rossatto foi responsável pela pesquisa histórica, argumento e roteiro do livro. Os desenhos e a arte final ficaram a cargo do desenhista Laudo Ferreira Jr. e Omar Viñole coloriu o trabalho.

Leia agora uma entrevista exclusiva com Edson Rossatto.


1 – Rossatto, na composição do livro você assumiu três tarefas importantes: pesquisa, argumento e roteiro. Qual delas foi a mais difícil?
Sem dúvida nenhuma escrever o argumento, pois é a parte onde todos os fatos da pesquisa histórica devem ser unidos em uma história linear da forma mais natural possível. Embora seja trabalhoso, fazer o roteiro se torna fácil quando temos um argumento bem amarrado.

2 – Antes dessa última publicação, você já havia lançado o livro “História do Brasil em Quadrinhos – Independência”. O processo e o nível de dificuldade foram os mesmos?
Acredito que o primeiro volume foi mais trabalhoso, pois foi nele que criamos os personagens, testamos as ideias e a narrativa que conduziria a série. No segundo volume isso tudo já existia, então conseguimos focar integralmente nossa atenção no período histórico.

3 - O que incentivou você e seus co-autores na elaboração das obras sobre História do Brasil em Quadrinhos?
Esse trabalho foi um convite da Editora Europa. Ela queria entrar no mercado de HQ mas não sabia bem como fazer. Inicialmente era para ser uma antologia com historinhas sobre períodos históricos. Mas eu achei que o trabalho ficaria superficial. Então propus ao editor da Europa uma trama única em que um professor explicaria a três crianças como tal fato histórico aconteceu, mas tudo isso com uma linguagem fácil. Ele gostou e pediu para eu escrever o projeto, que foi aprovado imediatamente e se tornou o volume da Independência. Mal foi publicado e eles já me encomendaram o segundo volume.

4 - Qual foi o processo de trabalhos dos autores? Vocês trabalhavam o tempo inteiro juntos, ou um passava a bola para o outro?
Eu desenvolvi o argumento e o usei para escrever o roteiro, em que era determinada a quantidade de páginas e, em cada página, a quantidade de quadrinhos. Cada quadrinho também era descrito minuciosamente, com qual personagem aparecia, o que ele estava fazendo e dizendo. Esse roteiro era encaminhado para Laudo e Omar. Laudo fazia esboços e me encaminhava para aprovação. Com o esboço aprovado, ele fazia a página preta e branca e tornava a me enviar para aprovação. Depois disso ia para o Omar colorir e posteriormente a página voltava para minha aprovação. Com elas coloridas e aprovadas, eu encaminhava para a equipe da Editora Europa colocar os balões digitalmente. E aí as páginas voltavam para aprovação. Com todos esses processos finalizados, o arquivo ia para a gráfica.

5 – Na sua opinião, História do Brasil combina com quadrinhos?
Acredito que qualquer assunto combine com quadrinhos. A identificação do leitor com esse gênero é imediata, o que facilita a compreensão da trama. Por essa razão usamos muito esse gênero na explicação da História do Brasil.

6 – No recanto das letras, site literário do UOL, você veicula poemas, contos e diversos textos de sua autoria. Por onde e quando você começou: poemas na adolescência, contos na juventude e roteiro na maturidade? Fale um pouco de seu primeiro contato com a escrita.
Eu comecei escrevendo peças de teatros sobre vida de santos para apresentação em igrejas. Mas, para contar essas histórias, eu tinha que contar com a boa vontade de amigos, o que não era fácil, pois eles sempre chegavam atrasados, muitas vezes sem decorar o texto. E isso quando apareciam. Então deixei de lado as peças teatrais e passei a escrever contos, pois isso só dependia de mim. Escrever poemas foi um processo que apareceu quando eu cursava Letras. O que aprendia nas aulas eu aplicava em produção. Contudo, poesia não era o gênero que me atraia. A curiosidade pelas HQs bateu e resolvi escrever um roteiro com um amigo. Nunca publicamos tal roteiro, mas ele abriu as portas para a série História do Brasil em Quadrinhos.

7 – Poesias podem ser transformadas em quadrinhos?
Eu acredito que sim. “O corvo”, de Edgar Allan Poe foi adaptado para os quadrinhos.

8 – Qual será o próximo livro?
“História do Brasil em Quadrinhos – Descobrimento” e “História do Brasil em Quadrinhos – As bandeiras”

9 – Rossatto, existe receita para se tornar num bom roteirista de quadrinhos?
Além de estudar outros roteiristas, ter senso de oportunidade é algo imprescindível em um roteirista.